quarta-feira, 13 de abril de 2011

O interaccionismo simbólico e a Escola de Palo Alto

As transformações  sociais que têm acontecido nas últimas décadas atingem inevitavelmente as relações humanas, reflectindo-se em atitudes de intolerância, egocentrismo, incapacidade de saber ouvir e respeitar o outro, formando um conjunto de obstáculos à comunicação.
Recebemos informações em diferentes contextos de socialização e a sua organização depende dos significados que cada um de nós lhe atribui. Perante a nossa experiência que se vai complexificando ao longo da nossa vida potencia-nos com uma capacidade descriminatória que nos permite diferenciar estímulos e ajustar comportamentos, isto é, o desenvolvimento de competências de relacionamento connosco e com os outros. 
A escola é o espaço priviligiado para promover momentos de contacto formal e informal definindo com clareza a relações formais a estabelecer entre os órgãos e pessoas da escola. A comunicação é também forma de conhecer e/ou estar atento às relações que existem no seio da organização, possibilitando o agir de forma mais fundamentada. Todavia os sistemas estão hierarquicamente organizados, por exemplo uma turma que por sua vez fazem parte de um sistema mais alargado que é a escola. Assim, é na escola que o significado dos seus alunos, professores, turmas, pode ser entendido e em que o comportamento de cada um afecta os outros.
Em contexto escolar, existe a tendência para um certo desequilíbrio nas relações interpessoais tanto professor/alunos como entre os pares.
Neste contexto deve definir-se com clareza aquilo que se espera das relações estabelecidas no seio da sala de aula, da turma e da escola. Para que fique clara a posição hierárquica dos intervenientes e para que o professor compreenda com mais clareza as atitudes dos alunos.  Neste sentido era de facto, importante ter-se isto em conta aquando da  formação inicial de professores, uma vez que se têm verificado graves problemas nas escolas. Assim, a criação de programas para o desenvolvimento pessoal de professores e também pais para se dotarem de competências de auto-observação e auto-reflexibilidade e de competências de promoção de ambientes seguros de cooperação constituiam-se uma mais valia.
 O aumento do número de situações de conflito, e que se tentava resolver com acções individuais penalizando sempre o aluno e desresponsabilizando o professor e a sua acção na sala de aula tem aumentado nos últimos tempos.
Torna-se também necessário implementar novas metodologias de trabalho com os alunos, que centrem neles próprios o processo de aprendizagem, permitindo desenvolver competências sociais, de comunicação, de adaptação a novas situações e assim aumentar a motivação e consequentemente diminuir as situações de conflito.
A origem deste problema está, quando um professor funciona ao mesmo nível dos seus alunos é porque as hierarquias e fronteiras não estão bem definidas e claras entre ambos. A relação entre aluno e professor é feita de espectativas (efeito Pigmaleão) que podem melhorar ou piorar o resultado dos alunos, uma vez que todo o comportamento é comunicação.
Assim, escolas, turmas, professores e alunos fazem parte de uma estrutura complexa, em que qualquer problema, mesmo que individual, implica comportamentos adaptativos no sistema na sua totalidade. Quando isto não acontece é porque não houve investimento pessoal, desenvolvendo-se identidades difusas que não activam a capacidade de auto-organização.
Há necessidade de um comportamento transaccional equilibrado baseado na ideia que todos somos diferentes e que fazemos parte de um contexto de interacções simbólicas que não são percepcionadas do mesmo modo por todos os actores contextuais. Aprender a viver e a conviver com os outros é algo que acontece num contínuo de vivências e convivências desde a infância até à morte, por isso, a atitude mais eficaz é que num trabalho conjunto, os principais responsáveis pela socialização dos mais jovens compreendam as necessidades de segurança destes, assumam uma estratégia de aproveitar as oportunidades para a construção de relações positivas e que sejam modelos que reforcem comportamentos pós-sociais.
Bibliografia 
Costa, M.E.&Matos, P.M.(2007). Abordagem Sistémica do Conflito; Lisboa; Universidade Aberta 
Matta, Isabel (2001). Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem; Lisboa ; Universidade Aberta 
Reflexão
 De facto, o interacionismo simbólico, com origem na psicologia social e na sociologia, é uma corrente de pensamento que analisa as interações baseadas na simbologia individual considerando que é ela que dá um sentido à acção individual. Em contexto escolar, as interações fazem parte do quotidiano dos alunos e professores e é em função das vivências de cada um e da forma como interpretamos as ações dos outros, que vamos interpretando a realidade à nossa volta, utilizando uma simbologia que servirá de referência para a nossa ação. Todavia com o tempo, os significados podem sofrer alterações, é aqui que o professor deve actuar, principalmente quando a simbologia que os alunos têm interiorizada não é a mais saudável para o seu desenvolvimento integral. Assim, através do diálogo, o professor poderá provocar a mudança de comportamentos.
Neste contexto, segundo o modelo da Escola de Palo Alto, uma interacção está ligada à presença simultânea de actores sociais em uma mesma situação. A presença do outro afecta-nos, consequentemente, isto significa que toda a relação humana necessariamente implica uma actividade conjunta e recíproca.

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